03.30h da madrugada. Despertei em pânico e suado.
Emergí rapidamente na escuridão do meu lençol, em busca de um refúgio para os mil e um pensamentos que teimavam em tirar-me o sono.
Pensei até em gritar, mas gritar só tendo a certeza que conseguia furar os timpânos daquele mal. Pensei em pensar, mas pensar só se tais pensamentos pudessem afogar os pensamentos negativos que transbordavam nos meus olhos pálidos e na minha expressão facial desolada.
Destapei-me...
Peguei na caneta e no papel que estavam mesmo ao lado na mesinha de cabeceira, e escreví com raiva: “Como podes tu, que te dizes Todo Poderoso abandonar-me num momento crucial da minha vida?”
Naquele instante percebí que era o meu coração que pedia desabafo. Ao coração não se proíbe o que lhe apetece...
Acordei do pesadelo do sono para o pesadelo da realidade!!
Com o papel sobre a almofada continuei: “Como é possivel quebrar o destino, se eu tenho o meu e cada um tem o seu?!?”
Devolví o papel e a caneta à cabeceira, e no lugar onde se encontravam minutos antes coloquei a minha cabeça.
Respirei fundo. Dei conta de que tudo o que tinha vivido até então, não passou de uma “simples conquista, uma vitória, uma paixão aleatória que me uniu a outra pessoa no mesmo espaço”.
Pensei em pegar na caneta e partir, no papel e rasgar, mas se o fizesse seria como uma dessas religiões que fogem da morte imaginando uma ressureição para o Homem. Partia a caneta, rasgava o papel...mas o pensamento continuava lá, activo e cada vez mais destrutivo.
Voltar a dormir?
Mas voltando a dormir corria o risco de sonhar. Sonhando ficava nervoso. Nervoso despertava...pegava no papel, na caneta, e voltava a escrever.
Apresentava-se um dilema: ou ficar acordado a remoer os pensamentos, ou dormir e arriscar sonhar. Que fazer?!?
Olho para o telemóvel na procura de algo para fazer. 05.30 já...
Levantei-me, vestí umas calças de fato de treino, uma t-shirt, calcei uns ténnis e saí para caminhar. Durante a caminhada encontrava jovens que em plena manhã de 6ª feira iam tentando mergulhar a frustração deste ou daquele problema em cevada fermentada, e em malte conservada pelos antepassados de William Wallace para grandes comemorações.
Mal eles imaginam que este mundo é super concreto, sem migalhas para fantasias – pensava eu enquanto fazia o caminho de volta para casa.
Chegado à casa, lavei o rosto, e fui para o quarto. Puxei um dos cds dos ColdPlay, e automatizado procurei o número do tema “Sparks”.
Já localizado, peguei no papel, na caneta, e deitei-me com eles na mão.
Volvidos alguns segundos, adormecí...
[Saranga, A Sarangamania e as Sarangadas do Saranga - 2007]
1 comment:
nossa forte esta história.
odeio ter pasadelos, acordo tremendo e com muito medo depois custo a dormir.
bjosss...
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